Ouvir falar da história destes “14” que têm uma chave que lhes dá acesso ao núcleo central da Internet é como ouvir o enredo de um novo filme da saga James Bond. Pois a primeira ideia que me veio à cabeça foi: « Se há chaves que controlam a Internet, o que acontece se essas chaves caem nas mãos erradas? Pode a Internet sofrer um cataclismo? Pode alguém “destruir” a Internet? Onde é que está esse vilão e quando vai atacar? ».
Antes que o cérebro entrasse em curto circuito, voltei à realidade e tive a oportunidade de falar com o dono de uma das 14 chaves: João Damas. Um português que é dono da empresa de serviços de consultoria Bond Internet Systems - « este nome não me ajudou a descansar o cérebro! » - e que também é técnico de avaliação do registo de serviços no ICANN.
E afastando o clima de ficção científica que parece estar inerente a este conceito de segurança, João Damas explicou por que ele existe.
“O sistema das chaves é parte de um mecanismo que o ICANN - a organização encarregue de assinar digitalmente a informação do DNS - criou para dar mais confiança a todo o processo. Podia ter feito isto por conta própria sem avisar ninguém. Assinar, publicar as alterações ao DNS e dizer ‘ aqui está ’. Mas fez uma escolha que foi abrir o processo a pessoas que participavam na comunidade técnica da Internet e em quem houvesse uma certa confiança por parte de grupos significativos da Internet. E para isso escolheram 14 pessoas - dois grupos de sete - a quem deram estas chaves. Periodicamente vamos aos EUA, a cada seis meses. Cada um dos grupos vai duas vezes por ano para os testes nos centros de dados onde estão guardadas as chaves em cofres”.
Sim, porque a chave que João Damas tem apenas lhe garante acesso a um cofre. Dentro desse cofre existe um smartcard que precisa de ser combinado com os cartões de outros portadores das chaves para gerar uma “chave-mestra”. E esta sim, é que abre a “caixa de Pandora” da Internet.
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